Em última carta de Natal, jovem morto por leoa falou sobre sonho de emprego e desejo de ver a mãe: 'Para ter carinho e amor'

  • 18/12/2025
(Foto: Reprodução)
Em última carta de Natal, jovem morto por leoa falou sobre sonho de emprego e desejo pela visita da mãe: 'felicidade que nunca tive' Redes Sociais O jovem Gerson de Melo Machado, morto por uma leoa, fez uma última carta de Natal em que pediu pela visita da mãe e falou sobre sonhos de emprego. O texto, feito há alguns anos, foi divulgado nas redes sociais de Verônica Oliveira, conselheira tutelar que acompanhou o rapaz, também conhecido como Vaqueirinho, por anos em João Pessoa. Gerson de Melo tinha 19 anos, havia sido diagnosticado com esquizofrenia e tinha histórico de abandono e de internações interrompidas em centros de acolhimento. Ele morreu em 30 de novembro, após escalar um muro de seis metros e entrar no recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, conhecido como a "Bica". ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PB no WhatsApp Na carta deixada por Gerson no Natal para uma professora do Centro Educacional do Adolescente, na capital paraibana, intitulada de "Desejo do Coração", ele disse que esperava por "uma grande felicidade que nunca teve", além de fazer outros pedidos. "Eu queria ter uma felicidade que nunca tive, mas, como Deus é maior, um dia eu vou ter. Eu queria ter (uma) visita da minha mãe para ter carinho e amor", escreveu. CASO GERSON: conselheira tutelar relata anos de acompanhamento do jovem Em outro trecho da carta, ele falou sobre os empregos que gostaria de ter e citou o sonho de ser policial da área ambiental. O jovem, que segundo a conselheira gostava muito de animais, também mencionou o desejo de ser veterinário. "Desejo um emprego de polícia florestal ou veterinário", disse em outro trecho. Gerson também agradeceu, na carta, por na época estar no Centro Educacional do Adolescente como um interno. Segundo ele, apesar de estar privado de liberdade, encontrou apoio e conselhos da professora. A conselheira tutelar Verônica Oliveira destacou, em publicação nas redes, que os desejos de Gerson não eram materiais nem impossíveis. "Gerson não desejou nada material, não desejou nada impossível, mas parece que a vida dele foi feita de impossibilidades. Como doeu ler essa carta cheia de significados e recados. Espero que aqueles que jogaram Gerson na 'Cova dos Leões' leiam e consigam dormir", disse LEIA TAMBÉM: Quem era o jovem que morreu após entrar na área de leoa em zoológico de João Pessoa Morte de homem que entrou em jaula de leoa em João Pessoa repercute na imprensa internacional A história de Gerson Homem é morto por leoa após entrar em jaula em zoológico de João Pessoa Gerson também tinha uma família com histórico de transtornos psicológicos e viveu em instituições de acolhimento até completar a maioridade. “Depois que ele fez 18 anos, ele foi entregue à própria sorte. Saiu do acolhimento institucional e entrou no sistema prisional”, disse a conselheira tutelar Verônica Oliveira à época da morte. A mãe do jovem foi destituída do poder familiar por ter esquizofrenia, e o pai era ausente. As avós também têm transtornos mentais, e outros quatro irmãos de Gerson foram adotados. Ele nunca foi acolhido por pais adotivos. Aos 10 anos, Gerson foi levado para o Conselho Tutelar de Mangabeira, na zona sul da capital paraibana, pela Polícia Rodoviária Federal, após ser encontrado vagando sozinho em uma rodovia. Segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, ele procurava pela mãe. “Ele disse à polícia que tinha fugido de casa, que queria voltar para a casa da mãe porque estava com medo e que ela morava em Mangabeira. Fomos até a casa e, para nossa surpresa, quando entramos, a mãe disse: ‘Menino, você não pode ficar aqui. Eu não sou mais sua mãe. O juiz disse que eu não sou mais sua mãe; você vai ter que ir com a moça’”, relembrou a conselheira. Gerson morava com a avó no bairro de Mangabeira, na zona sul da capital paraibana. Jovem não tinha tratamento de saúde mental contínuo Sobre tratamentos, a prima do jovem, Ícara Menezes, afirmou que ele nunca teve acompanhamento psicológico contínuo. Segundo ela, a responsabilidade era principalmente dos órgãos públicos, e a família fez o que estava ao seu alcance. “A família não abandonou. Só que uma pessoa neurodivergente, já grande, 16 passagens pela polícia, nunca teve tratamento. O apoio que teve foi uma assistente social e o diretor do presídio (...). Então, a gente não podia fazer muita coisa; quem poderia fazer era o poder público. Como família, a gente fez o que pôde, mas segurar uma pessoa assim dentro de casa o tempo todo… todo mundo que tem uma pessoa neurodivergente dentro de casa sabe como é”, disse. Ícara também ressaltou que, devido aos transtornos mentais, Gerson só se aproximava dos familiares de tempos em tempos, não mantendo relação constante. Ela explicou que ele procurava principalmente a mãe, que também tem transtornos mentais. No dia 30 de outubro, a Justiça determinou que Gerson fosse internado em uma instituição de longa permanência por conta dos transtornos psicológicos. Na decisão à qual o g1 teve acesso, do juiz Rodrigo Marques de Silva Lima, o jovem foi considerado inimputável por ter esquizofrenia. Pela gravidade de seu caso, a decisão diz que o tratamento ambulatorial era insuficiente, sendo necessária uma internação. Caps afirma que jovem não queria internações A diretora do Centros de Atenção Psicossocial Caminhar, Janaina D'Emery, diz que Gerson foi acompanhado desde a infância Reprodução Janaína D’Emery, diretora do Caps Caminhar, onde o jovem era atendido, explicou que os os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) não oferecem moradia, mas contam com outras modalidades de atendimento que permitem aos pacientes ficarem no local durante períodos de crise. “O Caps é um dos dispositivos para tratamento, não é de moradia. A gente tem a atenção-dia: ou ele vem nas segundas e nas terças, ou ele vem só uma vez na semana. Ele não queria, de hipótese alguma, ficar no 24 horas, e aí ofertamos o intensivo, de segunda a segunda. Isso também inclui o sábado e o domingo, para ele vir, participar das atividades e sair também depois da última medicação”, disse a diretora do Caps Caminhar. A conselheira tutelar Verônica Oliveira disse que o jovem já havia sido internado no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira. “Ele preferia o Juliano Moreira ao acolhimento institucional, que é um local que ele entra e sai. No Juliano ele não tinha liberdade, mas ele preferia. Quando eu perguntava pra ele por que ele preferia, ele dizia: ‘Lá eles cuidam de mim, dão o meu remédio e eu me sinto bem’”, afirmou. Gerson também tinha histórico de passagens pela polícia. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba

FONTE: https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2025/12/18/em-ultima-carta-de-natal-jovem-morto-por-leoa-falou-sobre-sonho-de-emprego-e-desejo-de-ver-a-mae-para-ter-carinho-e-amor.ghtml


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